segunda-feira, 10 de maio de 2010

Como interpretar um texto!!

Cada vez torna-se mais usada a interpretação de textos em testes importantes, como vestibular, concursos públicos e provas de proficiência. Eles costumam ser o “bicho-papão” que apavora os alunos, mas não deveria ser assim, já que provavelmente são a única parte do teste que já traz suas próprias respostas, bastando que o aluno as encontre.
Antes de interpretar um texto o aluno deve entender que tipo de análise está sendo proposto. Basicamente existem dois tipos de análise:
Subjetiva

Nesse tipo de análise pede-se que o aluno responda o que ele pensou, sua opinião e deduções sobre o texto. A margem de acerto é mais elástica, sendo permitida uma variação maior nas respostas, mas por ser também mais difícil de corrigir devido à sua subjetividade é pouco freqüente o encontrarmos em provas importantes, como vestibular ou concursos públicos. Costuma ser mais empregado no primeiro ou segundo graus, quando a meta a ser atingida é que o aluno aprenda a escrever e ordenar idéias, ou aprender figuras de linguagem e emprego de vocabulário mais rico.
Nesse tipo de análise existem questões como:
Quando o autor diz “sentado à beira do caminho”, o que você acha que ele quis dizer?
Como se vê, é pedida uma conclusão ou opinião do aluno, o que é comum nesse tipo de análise. Esse tipo de análise pode ser apresentado como múltipla escolha ou dissertativo.
Objetiva
Esse é o tipo de análise mais usado hoje em provas oficiais, pede-se que seja citado exatamente o que constava do texto, explícita ou implicitamente.
Exemplo:
No texto consta: “Maria costumava chegar atrasada no início da semana.”
Questão: Qual era o problema de Maria?
Nesse caso a resposta pode estar explícita se a alternativa correta for “chegar atrasada no início da semana” ou implícita se for “chegar atrasada às segundas”. Apesar de a segunda hipótese (chegar atrasada às segundas) não estar literalmente contida no texto, ela está implícita, uma vez que segunda-feira é o início da semana.
Tome cuidado nesse tipo de análise para citar exatamente o que está no texto. Muitas alternativas são semelhantes, mas escolha sempre aquela que mais se aproxima ao texto em significado. Na análise objetiva de um texto científico sobre assunto específico, cite apenas o que está no texto.
Análises sobre assuntos muito debatidos e atuais costumam prejudicar o aluno porque muitas vezes há alternativas com elementos que não estão no texto mas são informações que o aluno já tinha anteriormente sobre o assunto.
Tome também cuidado porque não se pedem respostas “morais”, ou seja, não se leva em conta a sua opinião, e sim o que o autor escreveu. Se o texto é sobre o aborto e lá constar que “o aborto é a melhor solução quando a mãe é de uma família de baixa renda” é isso que você deve colocar como resposta na questão:
“Segundo o autor, qual a melhor solução para grávidas de famílias de baixa renda?”

Não importa o que você acha, o que importa é apenas interpretar o texto, portanto se você é contra o aborto, nada de marcar outra resposta que não seja “o aborto“.
Erros comuns na interpretação objetiva
Os alunos pecam essencialmente por:
1- Excesso – algumas alternativas vão além do que está no texto, induzindo o aluno desatento ao erro.
No texto: “Maria estava muito triste.”
Resposta incorreta: Maria estava muito triste e chorou.
Note que no texto não se disse que ela chorou. O fato de o início da frase ser semelhante à frase do texto induz o aluno ao erro, pois ele lê apenas o começo da frase, não percebendo que o final “e chorou” é uma informação não contida no texto.
2- Falta de elementos importantes – o aluno assinala uma resposta incompleta em relação ao que está sendo pedido.
No texto: “Maria costumava chegar atrasada ao trabalho às segundas”

Resposta incorreta: “Maria costumava se atrasar às segundas.”
Antes de assinalar essa resposta, veja se não há outra especificando que ela chegava atrasada ao trabalho, pois o texto não sugere que ela chegue atrasada a outros lugares, apenas ao trabalho.
3- Semelhança – por conter muitas palavras semelhantes ao texto o aluno assinala respostas cujo sentido é um pouco ou totalmente divergente do que está escrito.
No texto: “Maria às vezes chegava atrasada ao trabalho.”
Resposta incorreta: “Maria sempre chegava atrasada ao trabalho.”
Nesse tipo de questão costuma haver uma alternativa, que mesmo não contendo exatamente as mesmas palavras do texto, é semelhante em seu sentido. A resposta correta poderia ser, por exemplo: “Maria nem sempre chegava ao trabalho no horário.”

Se dizemos que Maria chegava atrasada às vezes e se dizemos que ela nem sempre chegava no horário, o significado é basicamente o mesmo.
Conclusão
Da próxima vez em que for analisar um texto, lembre-se de não incorrer nesses erros e preste muita atenção ao que está sendo pedido, pois algumas questões costumam ser fatais se você não ler o enunciado. São comuns enunciados como abaixo:
• Assinale o que não foi citado no texto.
• Segundo o texto, o que é falso.
Veja que nesse tipo de questão você terá que encontrar exatamente o contrário do que está no texto.
Espero ter ajudado, preste muita atenção e lembre-se disso quando estiver analisando um texto.
Se você precisa de material de apoio para uma prova ou teste, dê uma olhada na postagem:
Interpretação de textos – Material didático
(zailda coirano)
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continuação
Para ler e entender um texto é preciso atingir dois níveis de leitura:
Informativa e de reconhecimento;
Interpretativa.
A primeira deve ser feita cuidadosamente por ser o primeiro contato com o texto, extraindo-se informações e se preparando para a leitura interpretativa. Durante a interpretação grife palavras-chave, passagens importantes; tente ligar uma palavra à idéia-central de cada parágrafo.
A última fase de interpretação concentra-se nas perguntas e opções de respostas. Marque palavras com NÃO, EXCETO, RESPECTIVAMENTE, etc, pois fazem diferença na escolha adequada.
Retorne ao texto mesmo que pareça ser perda de tempo. Leia a frase anterior e posterior para ter idéia do sentido global proposto pelo autor.
ORGANIZAÇÃO DO TEXTO E IDÉIA CENTRAL
Um texto para ser compreendido deve apresentar idéias seletas e organizadas, através dos parágrafos que é composto pela idéia central, argumentação e/ou desenvolvimento e a conclusão do texto.
Podemos desenvolver um parágrafo de várias formas:
Declaração inicial;
Definição;
Divisão;
Alusão histórica.
Serve para dividir o texto em pontos menores, tendo em vista os diversos enfoques. Convencionalmente, o parágrafo é indicado através da mudança de linha e um espaçamento da margem esquerda.
Uma das partes bem distintas do parágrafo é o tópico frasal, ou seja, a idéia central extraída de maneira clara e resumida.
Atentando-se para a idéia principal de cada parágrafo, asseguramos um caminho que nos levará à compreensão do texto.
OS TIPOS DE TEXTO
Basicamente existem três tipos de texto:
Texto narrativo;
Texto descritivo;
Texto dissertativo.
Cada um desses textos possui características próprias de construção.
DESCRIÇÃO
Descrever é explicar com palavras o que se viu e se observou. A descrição é estática, sem movimento, desprovida de ação. Na descrição o ser, o objeto ou ambiente são importantes, ocupando lugar de destaque na frase o substantivo e o adjetivo.
O emissor capta e transmite a realidade através de seus sentidos, fazendo uso de recursos lingüísticos, tal que o receptor a identifique. A caracterização é indispensável, por isso existe uma grande quantidade de adjetivos no texto.
Há duas descrições:
Descrição denotativa
Descrição conotativa.
DESCRIÇÃO DENOTATIVA
Quando a linguagem representativa do objeto é objetiva, direta sem metáforas ou outras figuras literárias, chamamos de descrição denotativa. Na descrição denotativa as palavras são utilizadas no seu sentido real, único de acordo com a definição do dicionário.
Exemplo:
Saímos do campus universitário às 14 horas com destino ao agreste pernambucano. À esquerda fica a reitoria e alguns pontos comerciais. À direita o término da construção de um novo centro tecnológico. Seguiremos pela BR-232 onde encontraremos várias formas de relevo e vegetação.
No início da viagem observamos uma típica agricultura de subsistência bem à margem da BR-232. Isso provavelmente facilitará o transporte desse cultivo a um grande centro de distribuição de alimentos a CEAGEPE.
DESCRIÇÃO CONOTATIVA
Em tal descrição as palavras são tomadas em sentido figurado, ricas em polivalência.
Exemplo:
João estava tão gordo que as pernas da cadeira estavam bambas do peso que carregava. Era notório o sofrimento daquele pobre objeto.
Hoje o sol amanheceu sorridente; brilhava incansável, no céu alegre, leve e repleto de nuvens brancas. Os pássaros felizes cantarolavam pelo ar.
NARRAÇÃO
Narrar é falar sobre os fatos. É contar. Consiste na elaboração de um texto inserindo episódios, acontecimentos.
A narração difere da descrição. A primeira é totalmente dinâmica, enquanto a segunda é estática e sem movimento. Os verbos são predominantes num texto narrativo.
O indispensável da ficção é a narrativa, respondendo os seus elementos a uma série de perguntas:
Quem participa nos acontecimentos? (personagens);
O que acontece? (enredo);
Onde e como acontece? (ambiente e situação dos fatos).
Fazemos um texto narrativo com base em alguns elementos:
O quê? – Fato narrado;
Quem? – personagem principal e o anti-herói;
Como? – o modo que os fatos aconteceram;
Quando? – o tempo dos acontecimentos;
Onde? – local onde se desenrolou o acontecimento;
Por quê? – a razão, motivo do fato;
Por isso: – a conseqüência dos fatos.
No texto narrativo, o fato é o ponto central da ação, sendo o verbo o elemento principal. É importante só uma ação centralizadora para envolver as personagens.
Deve haver um centro de conflito, um núcleo do enredo.
A seguir um exemplo de texto narrativo:
Toda a gente tinha achado estranha a maneira como o Capitão Rodrigo Camborá entrara na vida de Santa Fé. Um dia chegou a cavalo, vindo ninguém sabia de onde, com o chapéu de barbicacho puxado para a nuca, a bela cabeça de macho altivamente erguida e aquele seu olhar de gavião que irritava e ao mesmo tempo fascinava as pessoas. Devia andar lá pelo meio da casa dos trinta, montava num alazão, trazia bombachas claras, botas com chilenas de prata e o busto musculoso apertado num dólmã militar azul, com gola vermelha e botões de metal.
(Um certo capitão Rodrigo – Érico Veríssimo)
A relação verbal emissor – receptor efetiva-se por intermédio do que chamamos discurso. A narrativa se vale de tal recurso, efetivando o ponto de vista ou foco narrativo.
Quando o narrador participa dos acontecimentos diz-se que é narrador-personagem. Isto constitui o foco narrativo da 1ª pessoa.
Exemplo:
Parei para conversar com o meu compadre que há muito não falava. Eu notei uma tristeza no seu olhar e perguntei:
- Compadre por que tanta tristeza?
Ele me respondeu:
- Compadre minha senhora morreu há pouco tempo. Por isso, estou tão triste.
Há tanto tempo sem nos falarmos e justamente num momento tão triste nos encontramos. Terá sido o destino?
Já o narrador-observador é aquele que serve de intermediário entre o fato e o leitor. É o foco narrativo de 3ª pessoa.
Exemplo:
O jogo estava empatado e os torcedores pulavam e torciam sem parar. Os minutos finais eram decisivos, ambos precisavam da vitória, quando de repente o juiz apitou uma penalidade máxima.
O técnico chamou Neco para bater o pênalti, já que ele era considerado o melhor batedor do time.
Neco dirigiu-se até a marca do pênalti e bateu com grande perfeição. O goleiro não teve chance. O estádio quase veio abaixo de tanta alegria da torcida.
Aos quarenta e sete minutos do segundo tempo o juiz finalmente apontou para o centro do campo e encerrou a partida.
FORMAS DE DISCURSO
Discurso direto;
Discurso indireto;
Discurso indireto livre.
DISCURSO DIRETO
É aquele que reproduz exatamente o que escutou ou leu de outra pessoa.
Podemos enumerar algumas características do discurso direto:
- Emprego de verbos do tipo: afirmar, negar, perguntar, responder, entre outros;
- Usam-se os seguintes sinais de pontuação: dois-pontos, travessão e vírgula.
Exemplo:
O juiz disse:
- O réu é inocente.
DISCURSO INDIRETO
É aquele reproduzido pelo narrador com suas próprias palavras, aquilo que escutou ou leu de outra pessoa.
No discurso indireto eliminamos os sinais de pontuação e usamos conjunções: que, se, como, etc.
Exemplo:
O juiz disse que o réu era inocente.
DISCURSO INDIRETO LIVRE
É aquele em que o narrador reconstitui o que ouviu ou leu por conta própria, servindo-se de orações absolutas ou coordenadas sindéticas e assindéticas.
Exemplo:
Sinhá Vitória falou assim, mas Fabiano franziu a testa, achando a frase extravagante. Aves matarem bois e cavalos, que lembrança! Olhou a mulher, desconfiado, julgou que ela estivesse tresvariando”. (Graciliano Ramos).
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