segunda-feira, 10 de maio de 2010

A criança morde como forma de defesa e comunicação

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Depois de um ano, criança morde como forma de defesa e comunicação

De admin | 2 Ago 2008 | 36 feedbacks »
Flávia Duarte, do Correio Braziliense - É justamente nessa fase que algumas crianças descobrem que podem usar os dentes para expressar as emoções, seja de raiva, de ciúmes ou simplesmente para fazer um pedido. Nos primeiros anos da infância, também são comuns os tapas e beliscões quando surge uma contrariedade. O problema é quando a tática vira rotina e haja braço para ser mordido. Cabe aos pais ensinar aos filhos que há formas muito mais amistosas de se resolver um confronto.
‘‘As crianças muito pequenas não têm todos os recursos de linguagem para expressarem o que sentem. As mordidas são instrumentos usados para conhecer os limites dela e a reação do outro’’, explica a psicoterapeuta infantil e professora do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP) Elizabeth Batista. Afinal, é bom lembrar que nessa idade as crianças vão a primeira vez para a escola e lá descobrem que não são as únicas interessadas nos brinquedos. Tampouco são o centro das atenções da professora. Aí, rusgas por causa da falta de exclusividade e disputas com o colega por qualquer bobagem podem gerar um conflito sério entre as crianças e acabar numa enorme mordida.
Luísa Salles, 4 anos, passou pela situação e não gostou nada, nada da experiência de ficar com a bochecha roxa. O episódio aconteceu no ano passado, mas até hoje lembra-se ressentida do mordedor. ‘‘Eu queria brincar com ele e aí ele me mordeu. Hoje não gosto mais dele’’, conta a pequena, que também já levou uma dentada e uma unhada no nariz dos companheiros de classe.
Apesar do fim da relação entre os amigos provocada pela disputa de um brinquedo, os pais de Luísa fizeram de tudo para contornar a situação. ‘‘No primeiro momento a gente fica preocupado se nosso filho vai acabar sendo vítima de novas agressões. Percebia que ela ficava constrangida e com medo de brincar com esse menino’’, conta o pai, o psicólogo Dalton Salles.
Para evitar que o incidente virasse trauma, eles se preocuparam em mostrar à primogênita que revidar a dentada não era a melhor opção de resolver o problema. ‘‘Ensinamos a ela que era melhor ficar um tempo sem brincar com o coleguinha. Se acontecesse novamente, ela foi orientada a chamar a professora’’, comenta a também psicóloga Maria Odete Salles.
Por volta dos dois anos de idade as mordidas se tornam bastante comuns, principalmente na sala de aula. Acostumada aos corriqueiros casos, a orientadora educacional do Centro de Ensino Candanguinho Rita de Cássia Vidigal garante que o maior problema dos dentes afiados não são nem o agressor, nem a vítima. Os pais, sim, dão mais trabalho do que as crianças. ‘‘Parece até que a mordida foi neles. O que a gente tenta mostrar é que a criança não faz isso para machucar, tanto que ela também fica assustada quando o outro começa a chorar’’, conta Rita, confirmando que em época de maternal os dentes se tornam ainda mais perigosos.
São tantos os casos que a escola já envia aos pais uma circular explicando que as mordidas são comuns nessa idade e devem ser encaradas como uma etapa do desenvolvimento em que a criança aprende a conquistar e dividir seu espaço. ‘‘Se as mordidas, no entanto, persistem mesmo quando a criança articula bem as palavras, isso pode ser sinal de preocupação’’, avalia a pedagoga.
Por isso mesmo o mal deve ser cortado pelo raíz. Aos primeiros sintomas, os pais são orientados a assumir as rédeas e evitar futuros efeitos colaterais do comportamento. ‘‘Muitas vezes a criança começa a agredir porque também apanha dos pais. Outras vezes, elas mordem porque percebem que assim recebem a atenção dos pais’’, explica Laércia Vasconcelos, professora e doutora de psicologia clínica infantil do Instituto de Psicologia da Universidade de Brasília (UnB).
Os meninos podem até não ter um repertório lá dos muitos variados, mas apesar da pouca idade são bem espertos. Se percebem que mamãe deixa de lado o caçula que acabou de nascer, por exemplo, para dar atenção ao filho mais velho que beliscou o bebê, ele logo percebe os efeitos positivos da tática pouco amigável.
‘‘Os pais devem impedir esse tipo de atitude da criança desde muito pequenas. A solução é ensinar aos meninos novas formas de resolver os problemas’’, alerta Laércia. ‘‘Não podemos achar que por causa da idade elas não compreendem o certo e o errado’’, acrescenta a psicóloga.
Na maioria das vezes, falar só uma vez não surte efeito, mas é preciso persistência. A psicóloga Alia Barros nunca desistiu das tentativas de mostrar ao filho João Gaspar, 4 anos, que bater ou morder o amiguinho não eram atitudes admiráveis. Logo que entrou na creche, com pouco mais de um ano, o pequeno aprendeu a levantar a mão e usar os dentes para colocar um ponto final numa situação desagradável. ‘‘Ele batia quando disputava um brinquedo ou atenção com outra criança, mas também recebia’’, conta a mãe.
Pedir o carrinho emprestado, ensinar que as mordidas doem e machucam o colega foram alguns dos argumentos usados por Alia para ensinar o filho. ‘‘O adulto precisa mostrar a criança a perceber o outro como indivíduo e por isso não pode mordê-lo’’, conta a psicóloga que nunca negou colo ao filho, quando chegava em casa se debulhando em choro ou exibindo marcas de dentes na pele.

Fim das mordidas
As mordidas costumam acontecer entre 1 e 2 anos de idade, o que não quer dizer que seja aceitável que a criança saia por aí distribuindo dentadas
Morder pode ser a forma de uma criança demonstrar insatisfação enquanto não sabe expressar as emoções com palavras
Fique atento se a criança tornar o comportamento um hábito, principalmente se já estiver maiorzinha. Nesse caso, morder pode ser sinal de problemas de relacionamento, ciúmes ou conseqüência de agressões
Nunca bata no seu filho se ele morder um amiguinho. Converse com ele, quantas vezes for preciso, sobre outras formas de conseguir o que deseja
Criança que morde começa a ser rejeitada pelo grupo. Por isso, corrija seu filho ao primeiro sinal de agressividade
Nunca ceda a um capricho só porque ele ameaçou bater ou morder alguém. Reprima a atitude e mostre o quanto o comportamento é inaceitável
Se seu filho for mordido, nunca o incentive a fazer o mesmo com a outra criança. Mostre que o coleguinha não fez por mal e sugira que ele brinque com outras crianças até que essa fase passe
Se ainda assim a criança reagir à agressão, não faça disso um problema. Meninos que cedem facilmente e não brigam pelo seu espaço também merecem cuidados, já que faz parte do desenvolvimento infantil criar estratégias de defesa
Nunca vá tirar satisfação com o pai da criança que bateu. Deixe que, com a orientação dos adultos, a garotada se entenda

2 comentários:

  1. SIMPLESMENTE MORDEM PARA MOSTRAR QUE DENTES NÃO SERVEM SÓ PARA COMER ARROZ MAS TBEM CARNE HUMANA.

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  2. LIDAR COM ESTA SITUAÇÃO É MAIS QUE DIFÍCIL.... PRINCIPALMENTE QUANDO NOSSO FILHO É O AGREDIDO, E POR MAIS DE TRES VEZES PELO MESMO AGRESSOR.

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